Agrobiotecnologia cresce 12% ao nível mundial em 2007

COMUNICADO

Agrobiotecnologia cresce 12% ao nível mundial em 2007
Benefícios sociais, económicos e ambientais cada vez mais evidentes
para países em desenvolvimento

14 de Fevereiro de 2008

Durante o ano de 2007, e após 12 anos de utilização, foram cultivados 114,3 milhões de hectares de variedades geneticamente modificadas. Este valor significa um aumento de 12% em relação a 2006, segundo o relatório anual do ISAAA – Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações Agrobiotecnológicas, divulgado ontem. Esta área corresponde a 8% dos solos disponíveis para agricultura em todo o mundo.

O número de agricultores que beneficiou com o cultivo de variedades geneticamente modificadas (GM) aumentou de 10 para 12 milhões, em 23 países. O número de países em vias de desenvolvimento (12) que utiliza a agrobiotecnologia ultrapassou o número de países desenvolvidos (11), tendo a taxa de crescimento de utilização triplicado no conjunto desses 12 países. Segundo o ISAAA, 90% dos utilizadores desta tecnologia são pequenos agricultores e estão nos países em desenvolvimento.

Para além destes países produtores, outros 29 têm já aprovado os seus programas de regulamentação para produção agrícola, importação e processamento de alimentos e rações derivadas de culturas GM.

A soja continua a ser a principal cultura GM utilizada pelos agricultores, ocupando 58,6 milhões ha, ou seja 57% da área cultivada por variedades transgénicas. O milho, o algodão e a colza sãos as outras três culturas mais utilizadas, com 25%, 13% e 5% da área utilizada com culturas transgénicas.

Em 2007, os Estados Unidos da América, a Argentina, o Brasil, o Canadá, a Índia e a China foram os principais países a adoptarem a engenharia genética na agricultura. O ISAAA prevê um aumento do número de países utilizadores nos próximos anos, assim como de área cultivada e o número espécies geneticamente modificadas. Entre elas, o arroz, o trigo e beringela.

Objectivos do Desenvolvimento do Milénio, agrobiotecnologia e uma agricultura mais sustentável

A biotecnologia poderá dar uma contribuição importante para a concretização dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio (Millennium Development Goals), propostos pelas Nações Unidas para reduzir para metade a fome e a pobreza nos países em desenvolvimento. Segundo o relatório do ISAAA, a contribuição da agrobiotecnologia poderá ser de cerca de 50% até 2015, pois promove a prática de uma agricultura cada vez mais sustentável, impulsionando aumentos na produtividade das culturas, na segurança e na sustentabilidade na produção e processamento de alimentos e fibras. Esses aumentos crescerão ainda mais com a utilização futura de plantas tolerantes à seca e de plantas mais nutritivas. Prevê-se que os países mais beneficiados serão a China, Índia e África do Sul.

O que se torna actualmente evidente é que a utilização da Agrobiotecnologia permite:

  • O aumento da produtividade agrícola, contribuindo para a segurança alimentar humana e animal, com benefícios para os produtores, consumidores e sociedade em geral;
  • A conservação da biodiversidade, aumentando a produtividade dos 1,5 mil milhões de hectares utilizados na agricultura, reduzindo a pressão da procura de mais terrenos para a produção agrícola e portanto evitando a desflorestação e o uso de áreas protegidas;
  • A redução da pegada ambiental da agricultura, contribuindo para um uso mais eficiente e menos intenso dos “inputs” externos e contribuindo, portanto, para um melhor ambiente e para a sustentabilidade da actividade agrícola;
  • Mitigar os efeitos das alterações climáticas na produção, criando variedades tolerantes à secura, ao alagamento e à salinização e optimizadas para o sequestro de CO2;
  • Aumentar a estabilidade da produção devido à maior tolerância aos stresses bióticos e abióticos, reduzindo a probabilidade de fenómenos de fracasso agrícola;
  • Melhorar os benefícios humanos, sociais e económicos e contribuindo para o alívio da pobreza nas populações rurais dos países em vias de desenvolvimento;
  • Tornar rentável a produção de biocombustíveis, reduzindo a dependência dos combustíveis fósseis e contribuindo para um ambiente mais limpo e mais saudável;
  • E assim oferecer significativos e múltiplos e mútuos benefícios para produtores, consumidores e sociedade em geral.

Segundo Pedro Fevereiro, investigador em biotecnologia vegetal e presidente do CiB – Centro de Informação de Biotecnologia, “a melhor opção para aumentar a produção é combinar o melhor da agricultura e prática tradicional e o melhor da biotecnologia, integrando as culturas adaptadas às condições locais específicas e as soluções tecnológicas mais adequadas. Neste contexto, e tendo em conta a história da agricultura dos últimos decénios, a Agrobiotecnologia constitui uma importante evolução para a prática agrícola”.

Países e Regiões – Destaques

  • A Índia teve o maior aumento proporcional em 2007 (63%), pelo terceiro ano consecutivo, totalizando 6,2 milhões ha de algodão biotecnológico, plantado por 3,8 milhões de agricultores com poucos recursos.
  • A China aumentou a produção de algodão biotecnológico em 0,3 milhões de hectares. 7,1 milhões de agricultores chineses cultivaram 3,8 milhões de hectares desta planta geneticamente modificada, ou seja, 69% da área de algodão do país. A China cultivou ainda 3.500 hectares de mamão papaia resistente a vírus e 250.000 choupos de crescimento rápido resistentes a insectos que podem contribuir para uma reflorestação mais eficaz.
  • O Brasil teve o maior crescimento absoluto em 3.5 milhões ha, totalizando 15 milhões ha de soja tolerante a herbicida e algodão GM. O Brasil está a emergir como líder global da agrobiotecnologia com o potencial significativo da aplicação da tecnologia à cana-de-açúcar para a produção de etanol.
  • A África do Sul, o único país em África a produzir culturas transgénicas, aumentou a área utilizada em 30%, totalizando 1,8 milhão ha. Este aumento deveu-se principalmente à utilização de milho branco GM para a alimentação.
  • A Europa ultrapassou a barreira dos 100 mil ha de culturas transgénicas, com um crescimento de 77%. Em relação a 2006 mais dois países da União Europeia utilizaram estas plantas, sendo actualmente oito (Espanha, França, República Checa, Portugal, Alemanha, Eslováquia, Roménia e Polónia). Espanha lidera com 70 mil ha de milho GM, verificando-se um aumento de 40% em relação a 2006 e perfazendo 21% da área total da cultura de milho do país. A área de milho trangénico do conjunto dos restantes países quadruplicou de 8.700 para 35.700 ha. Portugal semeou mais de 4000 ha, triplicando a área ocupada em 2006.
  • A Polónia e o Chile iniciaram a produção de culturas GM em 2007. Os 23 países que actualmente beneficiam com a tecnologia da engenharia genética aplicada à agricultura são os seguintes (por ordem crescente em relação à área cultivada): Estados Unidos da América, Argentina, Brasil, Canadá, Índia, China, Paraguai, África do Sul, Uruguai, Filipinas, Austrália, Espanha, México, Colômbia, Chile, França, Honduras, República Checa, Portugal, Alemanha, Eslováquia, Roménia e Polónia.

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