
Uma equipa de cientistas da Universidade Macquarie, na Austrália, está a investigar o uso de moscas-soldado negras (Hermetia illucens) geneticamente editadas para reduzir o lixo nos aterros sanitários. Estas moscas são conhecidas por consumir resíduos orgânicos e transformá-los em biomassa útil, como alimentos para animais.
O estudo, publicado na revista Communications Biology, destaca que as moscas geneticamente modificadas podem ajudar a enfrentar a poluição global e produzir matérias-primas valiosas para a indústria. As larvas destas moscas podem biofabricar enzimas industriais utilizadas em várias indústrias, incluindo a pecuária, têxtil, alimentar e farmacêutica.

Além disso, a equipa, liderada pela bióloga Kate Tepper, espera que estas moscas possam reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, como o metano, que são gerados pela decomposição de resíduos orgânicos em aterros.
Este projeto é visto como uma solução promissora para a gestão sustentável de resíduos e para a criação de economias circulares.
Como se processa a modificação genética nas moscas?
As moscas-soldado negras são geneticamente modificadas através de técnicas de engenharia genética que permitem alterar o seu DNA para expressar características desejadas. Primeiro, os investigadores identificam os genes que querem introduzir ou modificar nas moscas. Estes genes podem estar relacionados com a capacidade de decompor resíduos de forma mais eficiente ou produzir enzimas específicas.
Utilizando técnicas de edição genética como o sistema CRISPR-Cas9, os cientistas inserem os genes de interesse no genoma das moscas. O CRISPR-Cas9 é uma ferramenta que permite cortar o DNA em locais específicos e inserir novos genes.
As moscas geneticamente modificadas são criadas e reproduzidas para garantir que as alterações genéticas sejam estáveis e herdadas pelas gerações seguintes.
As moscas modificadas são testadas para verificar se expressam as características desejadas e se são eficazes na decomposição de resíduos. Este processo inclui a avaliação da segurança e do impacto ambiental das moscas modificadas.
Se os testes forem bem-sucedidos, as moscas podem ser utilizadas em larga escala para a gestão de resíduos em aterros sanitários.
Este processo permite criar moscas com capacidades melhoradas para ajudar na redução de resíduos e na produção de matérias-primas valiosas.
Leia o estudo (em inglês) no jornal Communications Biology.