
Hoje, 19 de maio, comemora-se o 40º aniversário do estudo, publicado na revista científica Nature, sobre a descoberta da forma como se processa a transferência de genes funcionais nas plantas através de um vetor derivado do plasmídeo Ti. Este conhecimento lançou as bases da biotecnologia vegetal moderna, permitindo aplicações bem sucedidas de transferência de genes nas plantas.
Durante muitos anos, os fitopatologistas interessaram-se pela bactéria conhecida como Agrobacterium tumefaciens. O seu interesse residia no facto de algumas estirpes deste organismo terem a capacidade de infetar quase todas as plantas dicotiledóneas. Só no início dos anos 80 é que a transformação genética das plantas permitiu, pela primeira vez, transferir instruções geradas de forma não aleatória, para o genoma de uma planta.
Foi na União Europeia que surgiram as técnicas de transgénese em plantas, graças às descobertas do cientista belga Marc Van Montagu. Este cientista foi um pioneiro na investigação molecular das plantas. Juntamente com Jozef Schell, descobriu o plasmídeo Ti da Agrobacterium tumefaciens, que serviu de base para o desenvolvimento da engenharia genética das plantas vasculares.
Os sistemas CRISPR também têm as suas origens na Europa, graças às descobertas do cientista espanhol Francis Mojica, que, em 1987, descobriu pela primeira vez regiões em que exatamente o mesmo fragmento de DNA se repetia muitas vezes. Dois anos mais tarde, o mesmo grupo encontrou repetições praticamente idênticas, com o mesmo padrão, muito próximas umas das outras. Esse foi o primeiro trabalho dedicado exclusivamente ao CRISPR, embora essas sequências ainda não tivessem sido nomeadas.
Apesar da Europa ter estado sempre na vanguarda do desenvolvimento das tecnologias moleculares e da sua aplicação aos sistemas vegetais, atualmente impõe grandes dificuldades à utilização destas tecnologias na agricultura. Estas tecnologias estão a ser ‘travadas’ pelos políticos europeus, sem qualquer argumento científico, enquanto no resto do mundo estão a avançar. É tempo de a União Europeia se orientar pela ciência e permitir o desenvolvimento da biotecnologia agrícola, uma tecnologia fundamental para alcançar os objetivos de sustentabilidade estabelecidos por Bruxelas.
Leia aqui o estudo publicado na Nature no dia 19 de maio de 1983.