COMUNICADO
“São raros os leites para bebé que não incluem transgénicos”
é falso e demagógico
30 Junho 2015 | CiB Portugal
O CiB – Centro de Informação de Biotecnologia vem informar que a notícia “São raros os leites para bebé que não incluem transgénicos”, publicada no jornal Expresso no dia 29 de Junho de 2015, contém uma série de incorreções e falsidades que têm como única finalidade assustar injustificadamente a população Portuguesa.
Segundo, Pedro Fevereiro, Presidente da Direção do CiB e investigador de biotecnologia de plantas, “não existem quaisquer leites para bebés que incluam transgénicos, sendo que esta notícia pretende assustar os consumidores e os decisores políticos deliberadamente com o objetivo de incentivar à votação favorável da proibição do uso de milho e soja Geneticamente Modificados para a produção de rações para gado”.
O milho e a soja geneticamente modificados (conhecidos também por transgénicos) aprovados para comercialização na União Europeia foram sujeitos a análises de risco em instituições oficiais de vários países, incluindo a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) e o seu risco considerado não superior ao do milho e soja não transgénicos. Verifica-se até que os animais alimentados com este produtos apresentam melhores características, como comprova a redução do número de carcaças recusadas, no conjunto dos matadouros dos Estados Unidos da América, desde que as variedades transgénicas foram colocadas no mercado. Da mesma forma o grão transgénico apresenta menores teores de micotoxinas do que o grão de plantas não transgénicas, o que é benéfico para a saúde de pessoais e de animais que que consomem estes produtos. Não existe portanto, qualquer razão para apelar ao princípio da precaução.
Não foram até ao momento detetadas proteínas transgénicas ou DNA transgénico no leite produzido por vacas alimentadas com rações contendo milho ou soja geneticamente modificada. Por outro lado, um animal que consome rações contendo milho ou soja transgénica não se torna transgénico, nem é possível verificar na sua carne ou leite que se alimentou deste tipo de produtos. “Não existe nenhuma forma técnica de se provar “à posteriori” que um animal foi alimentado com rações contendo produtos geneticamente modificados e portanto seria ridícula a rotulagem destes animais”, explica Pedro Fevereiro.
A frase que inicia o último parágrafo desta notícia é paradigmática da falta de honestidade desta mensagem: “Não conseguimos ter garantias de risco zero e estamos longe de demonstrar uma relação de causa-efeito”. Não é possível garantir o risco zero de nenhum alimento. Contudo, é possível demonstrar que mesmo os “aclamados” produtos “biológicos” são arriscados e já existiram casos de internamentos e mesmo mortes, derivados do consumo desse tipo de produtos. Todos os alimentos que ingerimos contêm um risco associado. O risco zero não existe em nenhuma atividade humana. Nascer é um risco e viver também. A questão é decidir qual o nível de risco que estamos dispostos a assumir.
Se uma relação causa-efeito não é demonstrada, isso acontece porque não existe ou não foi devidamente avaliada. No entanto, só na Europa, já se gastaram 400 milhões de euros em investigação para tentar verificar esta causa-efeito e nada foi encontrado. Os poucos relatos que a pretendem demonstrar têm sido, por uma larga maioria, considerados incorretos cientificamente e os mais dramáticos, como aquele que diz que os transgénicos causam cancro, retirados de publicação, por serem considerados completamente falsos e os seus dados manipulados.
O objetivo desta notícia não é “…informar os consumidores sobre como podem evitar ingerir elementos transgénicos, mesmo quando estes não constam dos rótulos dos produtos.” O objetivo é assustar tentando transmitir a noção de que o leite é perigoso para as crianças que dele se alimentam, o que é completamente falso. Ao associar esta mensagem a determinadas marcas tenta também condicionar as próprias marcas, dando-lhes a entender que os consumidores, ao aceitarem esta mensagem, se recusarão a comprá-las.
Pedro Fevereiro diz ainda que “é pena que um órgão de comunicação com o prestígio do “Expresso” publique uma notícia com o nível de falsidade e de demagogia que esta transporta”.