COMUNICADO
“Zona livre de OGMs” nos Açores
não tem base científica, técnica ou económica
7 Junho 2011
Os Açores querem solicitar à União Europeia a criação de uma zona livre de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), após a intenção de alguns agricultores de semearem milho melhorado por engenharia genética, resistente à broca. Esta proposta não tem qualquer suporte científico ou técnico. O milho resistente à broca, também conhecido como milho Bt, permite aos agricultores produzirem grão de melhor qualidade, com redução de perdas para a pragas e com redução do uso de pesticidas (e correspondente redução de consumo de energia), permitindo ganhos de produtividade e de margens brutas que podem atingir os 25%, reduzindo os riscos para a sua saúde e para o ambiente.
Não existindo milho endémico nos Açores – o milho é originário da América central – nem variedades relativas selvagens, não é credível qualquer potencial risco para a biodiversidade. Bem pelo contrário, a redução do uso de pesticidas só virá minorar o impacto negativo do seu uso nos insectos não-alvo.
Por outro lado, a redução da incidência das brocas permite um aumento evidente da qualidade do produto final, reduzindo-se assim a incidência de fungos no milho, os quais produzem micotoxinas cujos efeitos tóxicos graves são por demais conhecidos.
O milho Bt foi aprovado para ser produzido na Europa em 2004 e a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) tem dado a garantia de que este não constitui qualquer risco quer para a saúde humana e animal, quer para o meio ambiente. Esta garantia tem vindo a ser reiterada ao longo dos anos. Limitar o acesso dos agricultores portugueses a estas variedades é limitar a possibilidade de produzir maximizando as potencialidades da cultura, e condicionando a sua competitividade, face a milhões de outros agricultores que em todo o mundo produzem com o recurso a estas variedades.
“É inacreditável, que os responsáveis políticos e técnicos dos Açores não tenham consciência dos conhecimentos científicos e técnicos que suportam a utilização destas variedades e que venham a condicionar os agricultores da região, impedindo-os de usufruir dos benefícios desta tecnologia”, considera Pedro Fevereiro, presidente do CiB – Centro de Informação de Biotecnologia e investigador de biotecnologia de células vegetais.