Suspensão do cultivo de transgénicos na Europa – Tábua rasa na ciência

COMUNICADO

Suspensão do cultivo de transgénicos na Europa
Tábua rasa na ciência

29 Outubro 2007

Macarocas de milho gm e milho convencional
com fungos e broca

 

Não existe nenhum argumento científico que suporte a oposição existente na Europa relativamente ao uso das variedades transgénicas aprovadas, segundo Pedro Fevereiro.

Na sequência das declarações do Presidente da República Francesa do dia 25 de Outubro, relativamente à suspensão do cultivo comercial das variedades transgénicas autorizadas em França, o CiB – Centro de Informação de Biotecnologia, cuja finalidade é a comunicação fidedigna dos conhecimentos técnicos e científicos utilizados pela Biotecnologia, informa que todos os dados disponíveis demonstram que o cultivo e consumo destas variedades não constituem um risco superior (para o ambiente ou para o consumidor) ao cultivo e uso das variedades convencionais.

Esta conclusão é retirada de centenas de artigos científicos publicados nas mais prestigiadas revistas científicas internacionais e corroborada pelos resultados de 81 projectos financiados pela Comunidade Europeia, comparticipados em cerca de 70 milhões de euros.

Segundo Pedro Fevereiro, presidente do CiB e investigador de biotecnologia de plantas, “não existe nenhum argumento científico que suporte a oposição existente na Europa relativamente ao uso das variedades transgénicas aprovadas”. Esta afirmação é corroborada pelos pareceres da EFSA – Autoridade Europeia de Segurança Alimentar, bem como por pareceres de entidades nacionais de
Segurança Alimentar, da Organização Mundial de Saúde e da FAO – Organização da Alimentação e Agricultura das Nações Unidas. Estes pareceres são produzidos por eminentes investigadores nas diferentes áreas, cuja idoneidade e qualidade são inquestionáveis.

Em Portugal a utilização das variedades de milho resistentes à broca, todas contendo o mesmo transgene (MON810), tem permitido a pequenos e grandes agricultores reduzir os custos de produção entre 10-15%, aumentar a produtividade até mais 25%, evitar o uso de pesticidas e reduzir a emissão de dióxido de carbono por redução do uso de tractor. É ainda particularmente relevante a redução (de
50% a 90%) de micotoxinas (fumonisina) nos lotes de milho transgénico. Esta utilização permite ainda reduzir a dependência da importação de milho: o país importa 2/3 do que necessita, sendo metade proveniente de países – EUA e Argentina – que produzem milho transgénico.

Ao nível mundial, entre 1996 e 2004 estima-se uma redução cumulativa de 172.500 milhões de toneladas de pesticidas devido à adopção pelos agricultores de variedades transgénicas resistentes a insectos. Em 2005 estima-se que esta tecnologia permitiu evitar a emissão de dióxido de carbono correspondente a mais de 4 milhões de carros durante um ano. Em 2006 foram cultivados mais de 100
milhões de hectares com variedades transgénicas, por mais de 10 milhões de agricultores – GM Crops: The First Ten Years – Global Socio-Economic and Environmental Impacts – ISAAA 2006.

O CiB considera impensável que individualidades ou instituições europeias ou portuguesas utilizem argumentos científicos e técnicos incorrectos ou fantasiosos para condicionar os produtores no seu direito a optar por variedades que apresentam evidentes benefícios quer para o agricultor, para a qualidade do produto final e para o ambiente.