COMUNICADO
Coexistência é possível no Vale Mondego
Pequenos agricultores associam-se para produzirem milho transgénico
24 Outubro 2007
O CiB – Centro de Informação de Biotecnologia convidou ontem, 23 de Outubro de 2007, a comunicação social para uma visita a campos de milho transgénico e convencional, propriedade do agricultor João Grilo, no baixo Mondego, com o objectivo de mostrar como os pequenos agricultores podem usufruir da utilização da agrobiotecnologia em Portugal. No encontro com jornalistas, estiveram presentes oito agricultores, três técnicos agrícolas e um investigador da área de biotecnologia de plantas.
Oitenta e um agricultores do Vale Mondego constituíram, em 2007, quatro zonas de produção de variedades transgénicas de milho Bt num total de 188 ha cultivados. Esta região do país caracteriza-se pela presença de parcelas de terreno com dimensões reduzidas, o que condiciona a possibilidade de produção de milho transgénico cumprindo as normas legais.
Segundo Vasco Salgueiro, técnico agrícola responsável pelas zonas de produção (ZP), dadas as limitações impostas pelas regras da coexistência (por exemplo, a distância mínima entre os campos com milho GM e campos com culturas convencionais é de 200 metros ou 24 linhas de bordadura com milho convencional) foram assim criadas ZP de variedades de milho GM, através da associação voluntária de agricultores que têm a intenção de cultivarem milho GM ou convencional, que será misturado e depois destinado a lotes rotulados como contendo Organismos Geneticamente Modificados (OGMs). Desta forma é possível cumprir os requisitos legais do Decreto-Lei nº 160/2005 sobre Coexistência de culturas geneticamente modificadas e outros modos de produção.
A cultura do milho na região do Vale Mondego é gravemente afectada pela broca, lagarta que se alimenta dos caules e das maçarocas desta planta, atingindo em algumas zonas mais de 50% de incidência,
causando graves prejuízos nas culturas. Vasco Salgueiro destacou por isso a importância da utilização de milho transgénico, pois as próprias plantas têm capacidade para produzirem uma toxina que impede o ataque da broca, salvaguardando dessa forma a produção de milho naquela zona.
Pedro Fevereiro, presidente do CiB e investigador de biotecnologia vegetal, explicou durante o encontro que esta praga provoca feridas nas plantas, destruindo os caules e as maçarocas. As plantas ficam debilitadas e sujeitas a ataques de fungos invasores que produzem substâncias tóxicas, contaminando o milho para alimentação e produtos derivados, inviabilizando a sua comercialização. A utilização de variedades de milho GM tem assim a vantagem de promover o aumento da segurança alimentar e a produtividade, já que evita a destruição das plantas pela broca e a presença destes fungos. O investigador relembrou os pareceres emitidos pela EFSA – Agência Europeia de Segurança Alimentar que sucessivamente têm afirmado que as variedades do milho MON 810, o único tipo de milho GM autorizado para cultivo no espaço da União Europeia, são seguras para a saúde e para o ambiente.
Vasco Salgueiro prevê que em 2008, serão constituídas pelo menos 12 novas ZP no Vale Mondego para que os pequenos agricultores daquela região possam usufruir das variedades biotecnológicas disponíveis no mercado.
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