Num estudo pioneiro conduzido na China, investigadores criaram bichos-da-seda geneticamente editados para que produzam seda de aranha. Os resultados impressionam: as fibras são seis vezes mais resistentes do que o Kevlar, um material usado em coletes à prova de balas. A descoberta pode revolucionar a produção de materiais leves e robustos, oferecendo uma alternativa ecológica a fibras sintéticas como o nylon.
Há mais de uma década que os cientistas estavam a tentar, mas esta foi a primeira vez que conseguiram desenvolver proteínas de seda de aranha inteiras usando bichos-da-seda. O resultado foi impressionante: As fibras são seis vezes mais resistentes do que o Kevlar, material usado em coletes à prova de balas, apresentando uma resistência à tração de 1.299 MPa e uma tenacidade de 319 MJ/m3.
Para que os bichos-da-seda se tornassem capazes de fiar seda de aranha, os investigadores introduziram genes da proteína da seda da aranha no DNA dos bichos-da-seda para que ela fosse expressa nas suas glândulas. Isto foi feito com uma combinação da tecnologia de edição do genoma CRISPR-Cas9 e centenas de milhares de microinjeções em ovos fertilizados do bicho-da-seda.
Os investigadores acreditam ter descoberto uma alternativa a fibras sintéticas como o nylon. O problema das fibras sintéticas é a possibilidade de libertarem ou transformarem-se em microplásticos no ambiente e serem produzidas a partir de combustíveis fósseis. “A seda do bicho-da-seda é atualmente a única fibra de seda animal comercializada em larga escala. A utilização de bichos-da-seda geneticamente editados para produzir fibra de seda de aranha permite a comercialização em larga escala e de baixo custo,” explicou o Investigador Principal do estudo, Junpeng Mi, da Universidade Donghua, na China.
O novo estudo, intitulado High-strength and ultra-tough whole spider silk fibers spun from transgenic silkworms, foi publicado na semana passada na revista Matter.
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