Investigadores do Imperial College de Londres produziram mosquitos geneticamente modificados que retardam o crescimento de parasitas causadores da malária e impedem a transmissão da doença aos humanos.
Os mosquitos têm uma modificação genética que os leva a produzir compostos no intestino que retardam o crescimento dos parasitas da malária, o que significa que é pouco provável que os parasitas alcancem as glândulas salivares dos mosquitos e sejam transmitidos a um humano numa picada antes de os insectos morrerem.
A equipa de investigação, de nome ‘Transmissão: Zero’, mostrou que a estratégia pode reduzir drasticamente a possibilidade de propagação da malária, em ambiente de laboratório. Se se provasse que em ambiente exterior também é segura e eficaz, poderia oferecer uma nova e poderosa ferramenta para ajudar a eliminar a malária.
Cientistas do Institute for Disease Modeling da Fundação Bill e Melinda Gates também desenvolveram um modelo que, pela primeira vez, pode avaliar o impacto de tais modificações genéticas se utilizado em vários cenários em África. Constataram que a modificação genética desenvolvida pela equipa Transmissão: Zero poderia ser uma ferramenta poderosa para reduzir os casos de malária, mesmo quando a transmissão é elevada.
A inovação foi concebida para poder ser acoplada à tecnologia “gene drive” existente para promover a propagação da modificação e reduzir drasticamente a transmissão da malária. Os investigadores pretendem testar se a sua abordagem pode bloquear a transmissão de parasitas que infetaram seres humanos, bem como os que foram objeto de estudo laboratorial. A segurança da nova modificação será testada minuciosamente.
Se tudo correr bem, os ensaios de campo realizam-se dentro de 2, 3 anos. George Christophides, professor no departamento de ciências da vida do Imperial College de Londres, afirmou: “A história ensinou-nos que não existe uma poção mágica quando se trata do controlo da malária, pelo que teremos de usar todas as armas que temos à nossa disposição. O gene drive é uma arma tão poderosa que em combinação com medicamentos, vacinas e controlo de mosquitos pode ajudar a parar a propagação da malária e salvar vidas humanas”.
Christophides é co-autor do artigo “Gene drive mosquitoes can aid to malaria elimination by retarding Plasmodium sporogonic development“, publicado na Science Advances.
A malária continua a ser uma das doenças mais devastadoras do mundo, pondo em risco cerca de metade da população mundial. Só em 2021, a doença infectou 241 milhões e matou 627 mil pessoas, na sua maioria crianças com menos de cinco anos de idade, na África Subsaariana.
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