Os stoks de alimentos diminuíram nos últimos anos e, com mais de um quarto do trigo global a ser produzido na Ucrânia e na Rússia, as perspetivas de uma grave interrupção no abastecimento mundial de alimentos aumentam a cada dia que passa. A edição do genoma poderia minimizar o problema.
Os preços dos alimentos estão a subir em muitos países: no Quénia, aumentam os custos da alimentação animal; na Tunísia, os preços das importações de trigo, combustível e fertilizantes estão a disparar; o Brasil e o Peru antecipam grandes interrupções no fornecimento de alimentos devido à escassez de fertilizantes; a Indonésia proibiu as exportações de óleo de palma…
Mas nem todos os aumentos nos preços se devem à guerra na Ucrânia. Outros fatores como a seca, gripe aviária e as interrupções na cadeia de abastecimento causadas pela pandemia contribuiram para o sitaução atual. Não obstante, a consequência da invasão russa é a fome. O que se pode fazer?
Os agricultores procuram, cada vez mais, ter acesso a ferramentas modernas que podem atenuar esta turbulência geopolítica. A engenharia genética já trouxe vastos benefícios económicos e ambientais para a humanidade. A edição do genoma está a expandir-se rapidamente e muitas vozes até reconhecem que as novas técnicas de melhoramento de plantas são fundamentais para a sustentabilidade futura.
Os investigadores descobriram que a ferramenta de edição do genoma CRISPR, silenciando um único gene, pode aumentar 10% a produtividade nas colheitas. A edição de genes é usada para melhorar o valor nutricional das frutas, com novos produtos já no mercado. Esses novos produtos contribuem não só para a melhoria da situação económica dos agricultores, mas também da sustentabilidade agrícola na medida em que reduzem o uso de fertilizantes e pesticidas. Também ajudam a mitigar os efeitos das alterações climáticas através do sequestro de carbono. Agora é possível melhorar a própria fotossíntese e fazer com que as árvores sequestrem carbono de uma maneira muito mais eficiente.
Mas todas estas vantagens são ameaçadas por uma regulamentação (na Europa) que pretende melhorar a segurança, mas, na verdade, faz pouco mais do que perpetuar a dependência de tecnologias desatualizadas. As medidas impostas pela regulamentação viola o princípio básico amplamente aceite de que devem ser proporcionais aos perigos. Restaurar a primazia desse princípio ajudaria muito a dinamizar o potencial inovador das novas tecnologias de melhoramento de plantas.
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