Opinião | “Dos equívocos sobre as plantas transgénicas” *Blog
Paula Duque e Vasco Barreto, investigadores

“Com a progressiva secularização do mundo ocidental, tem surgido um entendimento quase religioso do mundo natural difícil de conciliar com a instrumentalização da natureza essencial às sociedades humanas. Apesar das contribuições decisivas para a nossa saúde e alimentação, tendemos a associar à Genética a noção de eugenismo e de interferência na ordem natural das coisas. Mas desde o advento da agricultura que o que entendemos por mundo natural vem sendo redefinido pela selecção artificial: para garantir a sua sobrevivência, o Homem transformou radicalmente as espécies agrícolas, como facilmente perceberá quem por exemplo comparar o milho cultivado com o seu ancestral natural (o teosinto) ou investigar a artificialidade do montado alentejano. Prolongando esta tradição milenar, a tecnologia que permite gerar plantas transgénicas veio no final do século XX facilitar imensamente a manipulação dos genomas e exacerbar os receios dos que defendem uma visão imaculada da natureza. (…)”

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