São comestíveis , geneticamente modificadas e editadas por CRISPR. A nova variedade de sementes de algodão aprovada recentemente pela FDA-Food and Drug Administration tem um alto valor proteico e isso, acredita Kevin M. Folta, Professor do Departamento de Ciências Hortícolas da Universidade da Flórida, poderá contribuir significativamente para reduzir a desnutrição e a fome nos países em desenvolvimento.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), aproximadamente 815 milhões das 7,6 mil milhões de pessoas no mundo são classificadas como cronicamente subnutridas e, destas, nove milhões morrem a cada ano devido a doenças relacionadas com a fome.
A situação é trágica, mas também é solucionável. Quem o diz é Kevin M. Folta, Professor do Departamento de Ciências Hortícolas da Universidade da Flórida, num artigo publicado recentemente na Genetic Literacy Project.
A solução mais recente para combater a desnutrição que grassa em muitos países em desenvolvimento é o algodão comestível, aprovado pela agência norte-americana FDA-Food and Drugs Administration.
Através da engenharia genética, os investigadores conseguiram remover da semente do algodão uma toxina prejudicial à saúde humana chamada gossipol, o que significa que, potencialmente, todas as sementes de algodão produzidas anualmente (cerca de 40 milhões de toneladas) podem ser transformadas numa fonte sustentável de proteína, um dos nutrientes mais importantes, mas disponíveis em quantidades manifestamente insuficientes, para as pessoas mais pobres.
Como é que os investigadores conseguiram esse feito? Tendo como alvo uma enzima necessária para a produção de gossipol, usaram uma técnica de silenciamento de genes chamada RNA interference (RNAi). E para diminuir o nível da enzima, criaram plantas de algodão geneticamente modificadas que suprimem o gene delta-Cadinene Synthase (dCS). Ao “desligar” este gene, que codifica as instruções para uma etapa inicial da síntese do gossipol, reduzir substancialmente a quantidade de gossipol produzido.
A ideia não é nova. Há muito tempo que os investigadores tentam produzir algodão com baixo teor de gossipol, mas a redução desse composto deixou as plantas vulneráveis ao ataque de insetos. Uma equipa de investigadores da Universidade Texas A&M finalmente resolveu o problema, eliminando o gossipol apenas da semente. Este feito resultou na produção de uma planta que pode defender-se contra a invasão de insetos e produz uma semente não tóxica.
As sementes serão usadas para criar farinhas com um teor de proteína alto e de gossipol ultra baixo, para produção de rações para animais e de alimentos para consumo humano. Para Kevin M. Folta, “tais produtos serão bem-vindos nos países em desenvolvimento”, onde as dietas à base de grãos e tubérculos geralmente contêm proteínas insuficientes.
Afirma o Professor do Departamento de Ciências Hortícolas da Universidade da Flórida: “Esst inovação, mais uma vez, ressalta a importância da engenharia genética no aumento da produção sustentável de alimentos. Embora não possamos eliminar a fome da noite para o dia, o desenvolvimento e a libertação, no mercado, desta variedade inovadora de algodão ajudarão a combater muitos sofrimentos desnecessários em todo o mundo.“
Esta inovação foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) em outubro de 2019.
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Leia o artigo original, em inglês, aqui.