O último relatório do ISAAA-Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações Agro-Biotecnológicas, mais do que uma radiografia do desenvolvimento das culturas geneticamente modificadas em todo o mundo, fornece um manual de ações que, se postas em prática, permitiriam atender aos grandes desafios atuais: o crescimento global da população e o aumento das temperaturas.
Tornado público a 22 de agosto em Tóquio, no Japão, o relatório A Situação Mundial das Culturas Trangénicas comercializadas em 2018 mostra quais as tendências que têm determinado a evolução do mercado de OGM, que, no ano a que os dados se referem (2018), eram produzidos por dezassete milhões de agricultores e ocupavam uma área de cultivo de 191.7 milhões de hectares em 26 países.
O documento é extenso, mas deixamos-lhe aqui alguns dados que considerámos de importância significativa:
- EUA, Brasil, Argentina, Canadá e Índia são os maiores produtores de culturas GM. 91% da área global de cultivo localiza-se nestes países;
- A taxa de adesão dos cinco maiores produtores chegou perto da saturação: 93% nos Estados Unidos (soja, milho, algodão, colza, beterraba, alfafa, mamão, abóbora, batata, maçã), 93% no Brasil (soja, milho, algodão e cana-de-açúcar), 100% na Argentina (soja, milho e algodão), 92,5% no Canadá (colza, milho, soja, beterraba, alfafa e maçã) e 95% na India (algodão). Só estes cinco produzem 91% das culturas GM em todo o mundo;
- A área de cultivo de OGM é 113 vezes maior do que em 1996 (nesse ano era de 2,5 mil milhões de hectares), o que significa que é a tecnologia agrícola mais rapidamente adotada;
- As culturas GM estão presentes em 70 países (26 produzem e 44 importam);
- A soja transgénica ocupa 50% da área global cultivada com variedades GM;
- Portugal e Espanha continuam a ser os únicos países da União Europeia a produzir culturas GM (121 mil hectares), mas apenas milho para ração animal;
- Com uma produção de alimentos mais diversificada, a biotecnologia já não se aplica exclusivamente aos produtos mais comercializados, como milho, soja, algodão e colza. Também é usada na produção de alfafa, beterraba, mamão, abóbora, beringela, batata e maça, já no mercado em alguns países;
- Em termos de investigação, as experiências e estudos conduzidos por instituições públicas abrangem culturas como o arroz, banana, trigo, grão-de-bico, ervilha-de-pombo e mostarda com características nutricionais benéficas, sobretudo para consumidores em países em desenvolvimento.
Em 23 anos de comercialização, o aumento da produção e importação de culturas GM para alimentação, rações animais e produtos processados é um indicador claro da satisfação de mais de consumidores e de dezassete milhões de agricultores, dos quais 95% são pequenos agricultores no que respeita aos benefícios socioeconómicos e ambientais, à segurança alimentar e à mais-valia nutricional das culturas biotecnológicas.
Garantir a manutenção destes benefícios, hoje e no futuro, depende da criação de legislação baseada, não em crenças e receios infundados, mas em factos resultantes de anos e anos de investigação científica. Se a aplicação da biotecnologia na agricultura continuar a crescer, acreditam os investigadores na área que será um forte contributo para ajudar a aliviar os problemas da desnutrição e os efeitos das alterações climáticas.
Saiba como no relatório do ISAAA (file:///C:/Users/cibga/Desktop/A%20partir%20de%2006.11.2018/Imagens%20redimensionadas/ISAAA%20Brief%2054%20Executive%20Summary_August232019.pdf).
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