“[…] Se a posição anti-nuclear ainda é compreensível pelo medo de um possível acidente […], o medo dos transgénicos é ainda mais irracional. Não existe nenhuma morte registada por ingestão de transgénicos. Não está descrita nenhuma consequência para a saúde. Não só são seguros, como poderão ser ainda mais saudáveis que os alimentos convencionais, já que tendem a ter menos micotoxinas e, eventualmente, a diminuir o risco futuro de ter cancro.”, lê-se no artigo de opinião do médico João Júlio Cerqueira, publicado hoje no jornal Observador.
“E em termos ambientais, as suas vantagens estão mais do que estabelecidas. Um artigo publicado em 2013, atualizado em 2015 e novamente em 2018, conclui que a utilização de transgénicos leva a uma redução brutal na utilização de pesticidas, de libertação de gases efeito estufa e de terra necessária para produção alimentar. O equivalente a tirar 16 milhões de carros da estrada. Dado que a utilização de transgénicos é limitada a alguns países, imagine o impacto ambiental da sua generalização. Poderia também levar a mais investimento na área da biotecnologia, trazendo para o mercado outras soluções interessantes e com impactos ambientais positivos, como por exemplo plantas que fazem maior captação de CO2.
Ser anti-transgénicos é também ser pró-pobreza, miséria e fome. É que graças aos transgénicos é possível aumentar a produtividade das colheitas e o rendimento económico dos agricultores de uma forma substancial, na ordem dos 68%. Em termos absolutos, o ganhos concedidos pelos transgénicos ultrapassaram os 180 mil milhões de dólares, sendo que metade desses ganhos foram nos países em desenvolvimento.
Numa altura em que vemos a fome mundial a aumentar, é sempre bom saber que os “ecotontos” que vivem em países desenvolvidos financiam campanhas de desinformação sobre transgénicos em África. Trabalham furiosamente contra a sua implementação. Parece que os ambientalistas gostam de pobreza e é na pobreza que procuram a solução dos nossos problemas.
Mas o problema não é só em África. Por cá temos o lobby da agricultura biológica, a promover o medo sobre os alimentos transgénicos. Promovem o medo de alimentos onde habitualmente foi introduzido um único gene ao mesmo tempo que cultivam plantas criadas através de mutagénese, com milhares de mutações desconhecidas…e não percebem a incoerência. E os políticos cedem a esta visão naturalista, completamente alienada da ciência e da realidade dos factos. Aliás, muitos políticos, ignorantes, acham que o combate à agricultura intensiva é a solução…que a agricultura biológica nos ajudará a resolver o problema. Mas isso só é solução se o objetivo for salvar a Humanidade com recurso à fome e miséria. Não é possível alimentar a população, preservar a biodiversidade e criar áreas de reserva natural recorrendo à agricultura biológica. Simplesmente não é. […] ”
Leia o artigo de opinião completo, de João Júlio Cerqueira, publicado hoje no jornal Observador.
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