Nas Filipinas, o milho Bt foi criado para ser resistente à broca asiática, Ostrinia furnacalis, uma das mais destruidoras do País. A tecnologia é uma solução prática e ecologicamente sustentável para os agricultores de milho mais pobres em todo o mundo, permitindo-lhes aumentar os rendimentos e diminuir o uso de pesticidas. Depois do milho, outras culturas transgénicas estarão a caminho, como o algodão Bt, a beringela Bt e o arroz dourado.
“Antes, eu não dormia bem quando semeava milho”, recorda o agricultor filipino Edwin Paraluman. “Sempre receei um dia acordar e encontrar o meu campo de milho totalmente destruído pela broca. Isso pode acontecer porque a broca, nas Filipinas, não respeita nenhuma estação. Onde houver milho, ela está sempre presente.”
Nenhum dos esforços empreendidos por Paraluman para reduzir as perdas na produção resultaram. “Ficava sempre a perder quando cultivava milho, até que chegou uma altura em que pensei seriamente em deixar de lado o milho e dedicar-me ao cultivo de vegetais, como abóbora, vagem e outros”, acrescentou.
Ano após ano, foi uma sucessão de perdas significativas na produção de milho para este Agricultor Filipino, para quem o cultivo de milho é um modo de sobrevivência há muitos anos, desde que era criança e vivia com os pais, também eles agricultores. Por isso é que a sua “alegria não teve limites” quando soube da existência de uma tecnologia que impede o ataque da broca do milho. Paraluman foi dos primeiros agricultores no seu País a adotar a tecnologia e a produzir milho Bt, geneticamente modificado, resistente a pragas.
As Filipinas são o primeiro País do sudeste asiático a aprovar, para comercialização, uma cultura geneticamente modificada para alimentação humana e ração animal. E o Bangladesh foi o primeiro País do sul da Ásia a aprovar, também para comercialização, o cultivo de beringela Bt resistente a pragas.
O milho Bt nas Filipinas foi criado para ser resistente à broca do milho asiática, Ostrinia furnacalis, uma das mais destruidoras do País. A tecnologia apresenta-se também como uma solução prática e ecologicamente sustentável para os agricultores de milho mais pobres em todo o mundo, permitindo-lhes aumentar os rendimentos e diminuir o uso de pesticidas.
Paraluman compartilhou a sua experiência na Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade, em novembro de 2018, afirmando que o cultivo de milho Bt mudou a sua vida para melhor. Disse ter ganho paz de espírito e mais tempo para se dedicar a outras coisas, como cuidar da sua família e fazer trabalhos paralelos.
“Em dezembro de 2003, o milho Bt foi aprovado para comercialização e eu fui o primeiro agricultor a lançar as sementes na terra. A primeira vez que semeei milho Bt, fiquei tão impressionado que em sete hectares cultivados não vi nenhuma broca de milho”, lembrou. “Não tive mais danos no meu milho. Adotei o milho geneticamente modificado e isso mudou minha vida. Antes, a minha casa era muito pequena, mas agora é muito grande. Agora, tenho um bom rendimento, pelo que posso proporcionar à minha família coisas que antes não podia. Partilho a minha história com outros agricultores para que eles conheçam as vantagens desta tecnologia.”
Paraluman refutou alegações de que as culturas geneticamente modificadas causam problemas de saúde. “Não é verdade o que dizem e eu sou a prova disso, porque tenho cultivado e comido milho Bt nos últimos catorze anos e continuo forte e saudável”, observou. A adoção da tecnologia Bt tornou as Filipinas auto-suficientes na produção de milho”garantiu o agricultor. O país não importa mais milho e os agricultores planeiam exportar o excedente das colheitas.
Rhodora Aldemita, diretora do Centro Global de Conhecimento em Biotecnologia Agrícola do ISAAA, o Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações Agro Biotecnológicas, disse que antes da adoção da tecnologia, os agricultores nas Filipinas registavam habitualmente uma perda da produção de milho para a broca na ordem de 30 a 50 por cento. “O problema da broca do milho nas Filipinas tinha um efeito devastador na produção”, disse Aldemita. “O custo do milho subiu porque éramos obrigados a importar, precisávamos de alimentos para o gado. Quando obtivemos a aprovação para cultivo [do milho transgénico], os agricultores começaram a semeá-lo em 2003. Os que adotaram a tecnologia passaram a palavra a outros agricultores porque verificaram que os benefícios eram enormes. A mensagem espalhou-se como fogo em mato seco. Já não é necessário fazer tantas pulverizações e o trabalho de gestão das culturas nos campos é mínimo.
“Atualmente, nas Filipinas, são mais de 400 mil os agricultores que trabalham com milho Bt. E “outros produtos Bt estão a caminho, como o algodão Bt, a beringela Bt e o arroz dourado”, disse Paraluman, esperando que esse dia não tarde. “A população nas Filipinas é de mais de 107 milhões e a nossa área cultivável está a diminuir. Por essa razão, a agricultura precisa de tecnologia moderna. Só assim poderemos cultivar e colher mais em menos menos terra”, acrescentou.
Este artigo foi escrito por Nkechi Isaac e publicado na Alliance for Science.
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