A malária mata quase meio milhão de pessoas todos os anos. É transmitida por mosquitos e é talvez a última doença infeciosa que ainda não conseguimos controlar. Mas as novas técnicas de edição de genoma prometem mudar essa realidade. Com o CRISPR/Cas9, os investigadores acreditam que é possível exterminar os mosquitos da face da Terra. No entanto, mesmo podendo, será que devemos eliminar uma espécie?
Um novo estudo realizado por investigadores do Colégio Imperial de Londres, em Inglaterra, demonstrou que o CRISPR / Cas9, uma técnica de edição de genoma, pode provocar uma mutação genética que causa infertilidade nos mosquitos fêmeas e faz com que os machos “passem” a mutação para os descendentes.
Usando um condutor de genes (em inglês, gene drive), os investigadores procederam a um ajuste genético e descobriram que poderiam “estender” a mutação aos descendentes, em taxas suficientemente altas, o que praticamente aniquilou a população de Anopheles gambiae, uma espécie de mosquito responsável pela disseminação da malária, que os investigadores usaram nos seus testes.
Sendo o último flagelo infecioso que ainda não é controlado, a malária é responsável pela morte de mais de 400 mil pessoas todos os anos, principalmente na África subsaariana e na Índia, pelo que o trabalho dos investigadores do Colégio Imperial de Londres está longe de ser a única tentativa de extermínio dos mosquitos. Já houve várias tentativas, mas, até agora, esta parece ser a mais eficaz. Tão eficaz que, durante a conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade, que termina hoje em Sharm El-Sheikh, no Egito, se tornou incontornável levantar a seguinte questão: apesar de podermos eliminar uma espécie, ainda que tão mortífera como o mosquito da malária, será que devemos?
Saiba o que pensam os investigadores AQUI, num artigo em inglês assinado por Andrew Porterfield e publicado na Genetic Literacy Project.