Artigo de Opinião de Gabriela Cruz
15 Março 2012
Gabriela Cruz – Truth About Trade Technology
(Tradução livre da responsabilidade do CiB)
Podemos comprar, mas não podemos produzir.
É a loucura a que se chegou no que toca às políticas da União Europeia sobre os alimentos biotecnológicos. Os decisores políticos permitem-nos produzir rações com plantas geneticamente modificadas, mas apenas se essas culturas forem produzidas fora da União Europeia. Não nos é permitido produzir essas mesmas plantas nas nossas explorações agrícolas.
Não faz qualquer sentido e a hostilidade ilógica da Europa contra a utilização da tecnologia agrícola custa-nos caro.
Em Janeiro, a BASF – a maior empresa de químicos do mundo, sedeada na Alemanha – declarou que as suas actividades de investigação em plantas iriam mudar para Raleigh, na Carolina do Norte. Essas são grandes noticias para as pessoas nos Estados Unidos da América, que irão receber todos os beneficios da criação de novos postos de trabalho que terão origem no crescimento económico.
Aqui na Europa, contudo, a mudança será uma tragédia.
“A decisão da BASF não é boa para a Europa”, disse Carel du Marchie Sarvaas da EuropaBio. “É a reacção de uma empresa essencialmente europeia a um ambiente político e legislativo sufocante. […] A investigação, emprego e dinheiro vão para onde são bem-vindos.”
A BASF não está sozinha. Apenas uma semana depois da empresa alemã anunciar que sairia da Europa, a Monsanto disse que iria afastar-se do mercado Europeu e de tentar vender milho resistente a insectos em França.
Até que a Europa decida parar de virar as costas ao futuro da produção de alimentos, à inovação e ao empreendedorismo as empresa vão continuar a fugir.
O caso das culturas biotecnológicas é claro: produzem maiores rendimentos, necessitam de menos água e menos químicos e trazem mais benefícios ambientais. Sei-o por experiência pessoal, porque cultivo milho Bt em Portugal desde 2006. É o único tipo de cultura biotecnológica que posso utilizar – e quero ter liberdade para escolher outras variedades, como acontece com os agricultores dos Estados Unidos da América, do Canadá, do Brasil, da Argentina e muitos outros países.
Desde 1996, os agricultores em todo o mundo cultivaram mais de mil milhões de hectares de culturas geneticamente modificadas. No ano passado, segundo o ISAAA – International Service for the Acquisition of Agri-Biotech Applications, quase 17 milhões de agricultores utilizaram culturas biotecnológicas e a sua maioria foram pequenos agricultores de países em desenvolvimento.
Os agricultores Europeus contaram apenas com uma pequena fracção do total – tão poucos que foram irrelevantes. Nações como Burkina Faso, Myanmar e Uruguai aceitam melhor a biotecnologia do que a maioria dos países mais avançados da Europa.