Mega-Estudo
Culturas transgénicas
reduzem impactos da agricultura na biodiversidade
18 Março 2011 – CiB Portugal
Um artigo de revisão, publicado na revista científica GM Crops, analisou 155 trabalhos de investigação sobre os impactos das culturas geneticamente modificadas (GM) na biodiversidade e concluiu que a utilização destas culturas pode contribuir para a redução dos impactos negativos da agricultura nos ecossistemas e na biodiversidade.
As culturas transgénicas podem ajudar os agricultores a aumentar a produtividade dos seus cultivos, permitindo a redução de solo agrícola, libertando-o para a produção de outras culturas ou para a biodiversidade prosperar. Estima-se que sem culturas GM seriam necessários mais 2.64 milhões de hectares para a agricultura global.
Existem inúmeros dados indicativos de que as culturas GM não têm efeitos adversos significativos nos organismos não-alvo, tais como organismos do solo, herbívoros e abelhas. Para além disso, as culturas GM podem ajudar a suprimir pragas dos campos vizinhos com produções convencionais.
Este trabalho de revisão de Jane Carpenter concluiu que as culturas GM comercializadas actualmente reduzem os impactos negativos da agricultura na biodiversidade, pois permitem a utilização de práticas agrícolas que aumentam a produtividade dos solos e que são amigas do ambiente, entre elas: práticas de conservação dos solos e de protecção integrada, redução da quantidade de insecticidas usados e utilização de herbicidas mais amigos do ambiente.
A maior produtividade das culturas permite uma maior preservação dos habitats naturais e da biodiversidade. Estudos de comparação entre cultivos GM e convencionais indicam que 74% dos resultados são mais positivos para os produtores de variedades transgénicas. E quando este tipo de dados são relativos a países em desenvolvimento a percentagem é de 82%. Os aumentos das produtividades vão dos 16 aos 30% em média nos países em desenvolvimento e de 7% nos países desenvolvidos.
As culturas GM facilitam as práticas agrícolas de conservação do solo com reduzida (ou sem) mobilização do solo e preservação da humidade. Nos EUA, entre 1996 e 2008, o cultivo de soja aumentou de 51% para 63% do total da área de solo arável, exactamente por estarem disponíveis variedades de soja tolerantes aos herbicidas e dessa forma ser possível reduzir a mobilização do solo em 25%. Na Argentina, a introdução de soja tolerante ao glifosato permitiu a prática de não mobilização do solo de 33% da área de soja em 1996 para 80% em 2008.
Os estudos sobre os impactos de introdução de culturas GM na diversidade das variedades vegetais não são numerosos, mas o conhecimento científico actual indica que não existem impactos negativos relevantes.
As variedades Bt, resistentes a insecticidas, permitem a não utilização ou a elevada redução da utilização, destes pesticidas protegendo dessa forma os habitats circundantes e a qualidade dos solos e da água e controlando com elevada eficiência as pragas. Os estudos do impacto das culturas Bt (resistentes a insectos) são numerosos e não foram encontrados indícios relevantes de impactos negativos em organismos não-alvo, como organismos do solo, herbívoros e abelhas. Existe já conhecimento científico que confirma que a abundância e a actividade de parasitóides e predadores são semelhantes, tanto na produção de culturas GM como de culturas convencionais.
As culturas GM podem ajudar a reduzir ainda mais os impactos da agricultura no ambiente a partir do momento em que se der início ao cultivo de variedades de culturas resistentes à seca e à elevada salinidade dos solos, permitindo a produção agrícola em solos com condições sub-óptimas e a redução do consumo de água.