Medo dos transgénicos sem suporte científico
4 Dezembro 2010 – JN.pt
O medo em relação ao uso de plantas transgénicas é infundado, na medida em que a ideia de que provoca cancros ou alterações ambientais profundas não tem sustentação científica, garante Jorge Canhoto, investigador da Universidade de Coimbra.
Este é um dos temas abordados em “Biotecnologia Vegetal – da Clonagem de Plantas à Transformação Genética”, obra que o professor no Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra acaba de lançar, a pensar nos alunos e não só.
“A maior parte das pessoas ouve falar dos transgénicos como uma coisa muito complicada, um bicho-de-sete-cabeças”, diz Jorge Canhoto, que procura desfazer os “mitos” em torno do uso de plantas geneticamente modificadas.
O também investigador no Centro de Estudos Farmacêuticos da Universidade de Coimbra explica que o consumo de transgénicos é associado a problemas de saúde pública, sobretudo por parte de “grupos ecologistas”, o que gera medo.
“As pessoas dizem que, como não se sabe muito bem o que se insere nas plantas, se, eventualmente, começarem a consumir transgénicos em grandes quantidades e durante muitos anos, isso pode ser associado a doenças que podem aparecer em termos futuros”, refere, acrescentando que a ciência tem dificuldade em rebater esse tipo de argumento “porque é difícil provar uma coisa que ainda não existe”.
No entender de Jorge Canhoto, há que confiar nas entidades reguladoras e assumir que, se tais plantas são autorizadas, é porque são seguras. Além disso, sustenta, nos Estados Unidos da América (EUA), no Canadá, na Argentina ou no Brasil existem “áreas muito grandes de cultura de plantas transgénicas, elas entram na cadeia alimentar e não há nenhum problema de saúde pública nem nenhum problema ambiental”.